O melhor pedaço da Maçã.

A triste realidade: acionistas pedem mais diversidade na alta cúpula da Apple, mas empresa repugna a iniciativa

Todos nós sabemos bem o orgulho que a Apple tem em mostrar para o mundo inteiro como é uma companhia inclusiva, que emprega gente de todos os gêneros, etnias, religiões e preferências sexuais indistintamente e melhora seus índices de diversidade a cada ano. Porém, num duro golpe da fria e triste realidade do mundo, nós vemos que a utopia cupertiniana tem falhas graves quando analisamos a coisa com mais cuidado.

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Lideranças da Apple

De acordo com esta reportagem do The Verge, as coisas definitivamente não são tão bonitas assim quando falamos dos cargos mais altos da Maçã, como aqueles que compõem a mesa diretora da empresa. Segundo a matéria, um grupo de acionistas da Apple — liderado pelo investidor Tony Maldonado — entrou com uma proposta formal para que a empresa “adote uma política de recrutamento acelerada para aumentar a diversidade da sua gerência sênior e mesa diretora”.

Caso a proposta fosse aprovada, a Apple teria que priorizar a diversidade na escolha de pessoas para ocupar seus mais altos cargos; apesar disso, a forma como esta iniciativa seria aplicada ficaria por conta da própria Maçã. Entretanto, nem precisamos ir tão longe: a proposta foi rechaçada pela própria empresa. A Apple enviou uma nota para os seus acionistas recomendando que eles votem contra a proposta, argumentando que já faz um trabalho significativo na promoção da diversidade dentro da empresa e “fez progressos importantes na tarefa de atrair mais mulheres e minorias sub-representadas”.

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Maldonado, então, falou ao The Verge:

Algumas das desculpas dadas pela Apple e pelos outros é que não tem gente o suficiente para ser substituída, isso e aquilo. Desculpem o palavreado, mas isso é uma bobagem.

Esta não é a primeira vez que o investidor faz uma tentativa de promover diversidade aos cargos mais altos da Maçã: ele já enviou proposta semelhante em 2015, sendo igualmente repugnado — entretanto, Maldonado recebeu suporte de 5,1% da mesa de acionistas, o que permitiu que ele repetisse o pedido este ano. Agora, se quiser reiterar a iniciativa no ano que vem, terá que obter suporte de mais de 6% dos investidores.

Pessoalmente, eu digo: espero que ele consiga. Ninguém aqui está falando em forçar a contratação de mulheres ou indivíduos integrantes de minorias indistintamente — a ideia ainda é, obviamente, priorizar os maiores talentos para ocupar as principais cadeiras da Apple. O problema vai muito mais embaixo: por mais que tenhamos avançado como um todo nas últimas décadas, o preconceito ainda se esgueira de forma sutil no mundo corporativo, especialmente nas camadas mais altas.

O fato de a mesa diretora da Apple ser composta basicamente de homens brancos comprova isso — não que estas pessoas não sejam extremamente talentosas e aptas, mas já passou da hora de reconhecer que outros grupos também podem desempenhar papéis importantes com tanta destreza quanto, e devem ser considerados igualmente na hora de preencher um cargo importante. O objetivo é este: reconhecimento e oportunidade. A isso, eu diria, ninguém há de se opor.

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