Ministro das Comunicações afirma que 5G DSS “não é 5G”

Que o 5G é o futuro das redes móveis e da banda larga, todos nós já sabemos. A nova geração das conexões traz como principal característica a altíssima velocidade — em tese, até 10x maior —, quando comparada à 4G. Isso, claro, sem contar com a diminuição da latência, ótima para quem ama jogar online.

Mas, enquanto as negociações para a implementação no Brasil andam a passos vagarosos, desde o ano passado, algumas operadoras brasileiras começaram a anunciar o 5G DSS (dynamic spectrum sharing, ou compartilhamento de espectro dinâmico).

O DSS, de fato, oferece velocidades maiores que as atuais, pois compartilha as frequências entre outras tecnologias como a 3G e a 4G, que já estão em uso há bastante tempo. Contudo, apesar de ser chamado de 5G, o DSS não atinge as extraordinárias velocidades do 5G “puro”.

Pois, na quinta-feira passada (13 de maio), o Ministro das Comunicações, Fábio Faria, informou que solicitará às operadoras para que não manifestem a disponibilidade do 5G, já que a tecnologia ainda não está disponível por aqui — apenas para testes. De acordo com ele, ao anunciarem, as operadoras confundem seus clientes.

Muitas empresas estão colocando o 5G no celular. Não existe 5G funcionando [atualmente]. Somente 4G. E vou pedir para que eles não coloquem que estão disponibilizando 5G. Ontem em alguns pontos aqui em Brasília tentei usar esse 5G e o vídeo ficava caindo direto.

Em resposta, a GSMA, associação global que reúne diversas operadoras e fornecedores de telecomunicações, contrariou o ministro. Em oposição à fala do parlamentar, o órgão afirmou que o DSS faz, sim, parte do 5G.

Alejandro Adamowicz, diretor de tecnologia e estratégia da GSMA na América Latina, afirmou em entrevista que o DSS é um padrão estabelecido pela 3GPP, organização mundial responsável pela padronização de telefonia móvel, e desfruta das frequências do 4G para o 5G.

Ele também disse que o 5G DSS é diferente do 4G, ainda que usem a mesma frequência. O padrão de compartilhamento de espectro foi definido nas versões 15 e 16 do 3GPP, e é considerado o primeiro passo para a implementação do 5G com frequências próprias, tais como as operadoras Vivo, TIM e Claro estão anunciando.

Espera-se que o leilão do 5G seja realizado em julho deste ano. O edital, aprovado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), está sendo analisado pelo Tribunal de Contas da União. De acordo com documento, as capitais de todos os estados e do Distrito Federal devem ter redes 5G já em julho de 2022 — ainda que isso seja bastante improvável. As empresas do setor, no entanto, consideram o prazo curto.

via Tecnoblog