Os einks (eletronic paper displays, EPD) são tecnologias de exibição que imitam a aparência da tinta comum no papel. Ao contrário das telas tradicionais que usam luz de fundo para exibir imagens e texto, o eink reflete a luz ambiente para criar imagens.
Esses dispositivos representaram um salto tecnológico significativo na indústria de displays, especialmente para leitores ávidos. A tecnologia utiliza microcápsulas minúsculas, cada uma contendo partículas positivamente carregadas brancas e partículas negativamente carregadas pretas suspensas em um líquido. Quando uma carga positiva ou negativa é aplicada, as partículas correspondentes se movem para a superfície, criando o efeito de tinta.
Isso reduz a tensão ocular e torna a leitura possível sob a luz direta do sol, o que pode ser difícil com as telas retroiluminadas, proporcionando uma experiência de leitura que se assemelha mais à do papel tradicional.
Histórico
A tecnologia eink foi desenvolvida pela primeira vez na década de 1990, por uma equipe de cientistas da Universidade de Cambridge. Posteriormente, o conceito foi explorado pela E Ink Corporation, uma subsidiária da Prime View International (PVI), com o primeiro dispositivo eink disponível comercialmente lançado em 2004 (o Sony LIBRIé EBR-1000EP).
Esses dispositivos iniciais eram monocromáticos e tinham um tempo de resposta mais lento, mas, com a evolução da tecnologia, foram introduzidos modelos com capacidades de exibição em cores e com tempos de resposta mais rápidos. Desde então, a tecnologia eink tem sido usada em uma variedade de dispositivos, incluindo ereaders, tablets, enewspapers e displays de sinalização digital.
Os dispositivos monocromáticos só exibem imagens em preto e branco, e são mais comuns em ereaders como o Amazon Kindle. Já os dispositivos coloridos, chamados eInk Kaleido, são capazes de exibir imagens coloridas, e são usados em tablets e outros dispositivos maiores.
Einks writeables e produtividade
Os einks writeables, regraváveis ou para escrita, são uma tecnologia emergente que permite aos usuários escrever ou desenhar na tela, similarmente a um papel. Isso é feito através de uma camada adicional de sensor de toque ou de uma caneta stylus, que permite a interação do usuário com a tela. O objetivo é trazer o máximo da experiência do papel no momento da escrita.
Recentemente, várias marcas investiram nesse tipo de modelo, começando por aquelas que já estavam no mercado ereaders, como Amazon e Kobo, até marcas mais específicas para o ramo, como a reMarkable.
A grande atratividade desse tipo de produto, além de atrair os amantes da escrita, é o foco em produtividade. Ao utilizar um iPad, por exemplo, para ler e escrever, além da tela lisa e da luminosidade que podem ser desconfortáveis, temos uma série de outros aplicativos e notificações — inclusive das inúmeras redes sociais, que tiram a atenção daquilo que precisa ser de fato realizado. Sem contar em momentos como reuniões de trabalho, nos quais as pessoas acabam distraídas pelas mensagens/interações e não conseguem participar adequadamente.
Parece haver uma tentativa de movimento contrário, incentivando uma desconexão maior para se conectar com os momentos presentes — depois do boom de conectividade oferecida pelos gadgets que estão ao nosso redor. Embora existam pessoas que consigam manter-se ligadas a cadernos, planners e agendas físicas (esse é um mercado muito maior do que se pensa), parece bem complicado ter tudo em apenas um lugar sem a possibilidade de backup e acesso remoto.
Por essa razão, os einks podem ser uma excelente alternativa que oferece a praticidade da nuvem com o foco e a experiência do papel.
Modelos de einks
Existem já diversas opções no mercado de sugestões de modelos dos einks writeables. Algumas delas:
- Amazon Kindle Scribe: esse é o primeiro dispositivo de tinta eletrônica da Amazon que permite escrita e desenho. Ele vem com uma caneta stylus e oferece uma experiência de leitura e escrita confortável. O aparelho possui uma tela de 6,8 polegadas com 300ppp, iluminação ajustável e resistência à água. No momento, o Kindle Scribe é vendido a partir de US$370.
- Kobo Elipsa: é um ereader que permite escrever, destacar e fazer anotações nas margens das páginas. Vem com uma caneta (Kobo Stylus) e uma capa (SleepCover). O Kobo Elipsa tem uma tela de 10,3″, com luz ComfortLight ajustável para leitura diurna ou noturna. Seu preço é de aproximadamente US$400.
- ONYX BOOX Note Air: esse dispositivo combina a funcionalidade de um tablet Android com a experiência de leitura e escrita de um ereader. Ele possui uma tela de 10,3″ e permite instalar aplicativos adicionais. O preço é de cerca de US$480.
- Supernote A5 X: gadget com uma tela de 10,3″ e uma caneta sem bateria, o que significa que você nunca precisa se preocupar em recarregá-la. Ele também tem um design elegante, com uma capa de couro opcional. O preço é de aproximadamente US$500.
- Onyx BOOX Max Lumi: este é um dispositivo premium com uma grande tela de 13,3″ e iluminação frontal. Ele também é baseado em Android, permitindo a instalação de aplicativos adicionais. O preço é de cerca de US$880.
- QuirkLogic Papyr: com uma tela de 13,3″, o Papyr é um dos maiores dispositivos eink writeable disponíveis. Ele também possui conectividade com a nuvem, permitindo que sincronize as suas notas entre dispositivos. O preço é de aproximadamente US$700.
- reMarkable 2: considerado por muitos como o padrão ouro dos einks writeables, o reMarkable 2 oferece uma experiência de escrita muito próxima ao papel, além de uma interface de usuário minimalista que minimiza distrações. Ele possui uma tela de 10,3″ e uma bateria de longa duração. O preço é de aproximadamente US$600 — pretendo fazer um review deste num post futuro.
Einks e o iPad
A Apple parece ter se preocupado mais ultimamente com a usabilidade de escrita do iPad. Desde a chegada do iPadOS, o lançamento da Apple Pencil de 2ª geração e o incremento das experiências de escrita do Notas, além de diversos outros apps lançados no mercado, trouxeram novas possibilidades de utilização do tablet para escrito e desenho manual. O app Freeform também tem trazido novas formas de interagir com a caneta e realizar desenhos e escritas.
Apesar disso, a proximidade do iPad com a experiência de um computador, somando-se a sua tela lisa e intencionalmente de alta qualidade luminosa, tornam a experiência de uso bem diferente da do papel e com pouca facilidade de foco. Como já comentei aqui, a Apple não parece tão preocupada ultimamente com o uso profissional dos seus aparelhos, o que nos leva a ter poucas expectativas de adaptabilidades neste sentido.
Conclusão
Como muitas coisas no contexto histórico da humanidade, passamos por ondas e contra-ondas, tendências que vão de uma a outra direção. A grande conectividade, potência e onipresença trazida pelo mundo digital têm trazido seus prejuízos à capacidade de foco, produtividade e execução das pessoas.
Esses obstáculos têm feito com que algumas pessoas voltem ao bom e velho caderno de anotações. Os einks podem ser uma grande oportunidade de produtividade e foco, mas com os benefícios da tecnologia. O que você acha? Será que os einks serão mais presentes? Teremos uma nova onda com esse tipo de gadgets? Você prefere tablets, einks ou o bom e velho caderno? Deixe aí nos comentários a sua opinião!
NOTA DE TRANSPARÊNCIA: O MacMagazine recebe uma pequena comissão sobre vendas concluídas por meio de links deste post, mas você, como consumidor, não paga nada mais pelos produtos comprando pelos nossos links de afiliado.