O primeiro fone totalmente sem fio (true wireless stereo, ou TWS) que eu tive a oportunidade de experimentar foi o Bragi Dash, pouco tempo antes de pôr as mãos na primeira geração dos AirPods.
Acho que, até ter essas primeiras experiências, eu não tinha lá tanta noção assim do quanto que um fone TWS é tão mais bacana do que aqueles “sem fio” que na verdade têm um fio conectando um lado ao outro.
A linha de AirPods vem evoluindo constantemente e eu amo os AirPods Pro, mesmo sabendo das suas limitações e tendo tido o azar de eles não ficarem bem presos na minha orelha esquerda. Talvez por isso mesmo, há anos venho experimentando outras opções que surgem aqui e ali no mercado.
Há pouco mais de um mês, venho usando diariamente o modelo que considero agora o meu fone TWS preferido até hoje: os Beats Fit Pro.
Vídeo de unboxing e hands-on
Antes de mais nada, para quem perdeu:
Design dos fones e do estojo
Falando do aspecto visual dos Beats Fit Pro, eles não estão entre os meus preferidos de todos os que já testei. Não são feios, mas acho o Liberty 3 Pro (da Anker) bem mais classudo, e acho até que prefiro o estilo mais clean dos AirPods — embora ache que já está na hora de a Apple oferecer opções de cores nessa linha, também.
Mas a aparência é ok, não me incomoda. Se muito, eu diria que o estojo dos Beats Fit Pro poderia ser um pouco menor. Ainda é compacto, mas, como mostrei no vídeo, chega a ser cerca de um terço maior que o dos AirPods Pro; não é pouca coisa.
Felizmente, ao contrário da linha AirPods, com os Beats a Apple nos oferece algumas opções de cores. A que eu testei é a cinza, com um interior meio esverdeado; mas eles estão disponíveis também em preto, branco e roxo.
O melhor mesmo em termos de design está nos fones em si. A parte que posiciona-se na entrada no canal auditivo é tradicional, mas ali por fora sai uma “perninha” de silicone flexível que ajuda a prendê-los bem firmemente à orelha.
Esse negócio não cai de jeito nenhum, gente.
Como vocês sabem, eu testei algumas opções diferentes de pontas para os AirPods Pro que ajudaram *muito* a fixação deles nas minhas orelhas. Tanto os Beats Studio Buds quanto o Liberty 3 Pro (que oferecem “barbatanas” opcionais, embora eu preferisse que fossem fixas) ficam também bem nas minhas orelhas. Mas nada, nenhum deles, é como os Beats Fit Pro — e olha que eu nem testei as pontas de outros tamanhos que vêm na caixa, visto que as médias pré-instaladas ficaram perfeitas para mim.
Toda essa fixação também os torna bem adequados para uso durante esportes/exercícios, e soma-se ao fato de eles terem uma resistência com classificação IPX4 — ou seja, são próprios para respingos d’água e também para o suor.
Ainda assim, preciso observar aqui que eu sofro de algo que a maioria das pessoas. Eles ficam sim bem fixos e confortáveis nas minhas orelhas, mas após 1h30-2h de uso contínuo (tipo após a gravação de um dos nossos podcasts), sinto um pouco de dor/incômodo. Mas isso eu sentia até mesmo com os AirPods de primeira e segunda gerações, ou seja, não é um deal breaker.
Qualidade do som, Cancelamento Ativo de Ruído e Modo Transparência
Outro dia, um leitor me perguntou como que os Beats Studio Buds se equiparavam aos AirPods. Respondi-lhe que eles são equiparáveis aos AirPods de terceira geração, mas contam com Cancelamento Ativo de Ruído.
Os Beats Fit Pro, por sua vez, são “concorrentes” diretos dos AirPods Pro em praticamente todos os sentidos. Ainda acho que os AirPods Pro têm alguma coisinha especial/superior na qualidade de som, mas é algo muito sutil. Os Beats Fit Pro são excelentes e trazem uma equalização muito mais próxima do padrão Apple do que do da Beats (que costuma puxar mais pros graves).
Um driver de diafragma proprietário, de elemento duplo, reside dentro de um invólucro de duas câmaras, resultando em som claro com excelente separação estéreo. Um processador digital avançado otimiza o desempenho do áudio dando volume e clareza, garantindo simultaneamente o cancelamento limpo de ruído.
Os microfones embutidos nos fones também são razoáveis e equiparáveis aos dos AirPods Pro. Ou seja, ninguém notará algo “de errado” durante chamadas telefônicas ou via FaceTime, mas nem cogite usar os fones para gravar um podcast, por exemplo — só não tiver jeito, mesmo.
Não podemos esquecer, também, que os Beats Fit Pro suportam o recurso de Áudio Espacial em sua integridade — inclusive com rastreamento dinâmico da cabeça. Como citei nesse vídeo sobre o assunto, é algo difícil de explicar/colocar em palavras, mas que todos deveriam experimentar na primeira oportunidade.
Também não tenho absolutamente nada a me queixar com relação ao sistema de Cancelamento Ativo de Ruído dos Beats Fit Pro, e o seu Modo Transparência é equiparável ao dos AirPods Pro — algo que a concorrência, ao menos em modelos TWS, ainda come poeira. O Modo Transparência do Liberty 3 Pro, por exemplo, é bom mas às vezes eu sentia necessidade de tirar o fone de ouvido para escutar melhor; definitivamente, não preciso fazer isso com os Beats Fit Pro.
E podemos, é claro, alternar entre todos os modos diretamente pela Central de Controle do iOS — o que me leva ao próximo tópico deste review.
A integração nativa faz toda a diferença
Em meus inúmeros testes com fones não Apple/Beats, sempre sou obrigado a citar que eles não dispõem da mesma integração nativa e que, muitas vezes, são gerenciados por um app à parte.
Se você pensar num cenário em que já está com tudo conectado/configurado e deu um play numa música ou numa série, por exemplo, nesses momentos a tal integração nativa deixa de fazer qualquer diferença. Mas a experiência de uso diário com um produto desses vai muito além disso, e após um tempo usando modelos de terceiros (principalmente o Liberty 3 Pro), voltar a esse ambiente nativo me lembrou o quanto isso faz diferença.
Tudo começa, é claro, pelo emparelhamento facilitado (graças ao chip H1). Você tira o fone da caixa, abre o estojo dele ao lado do iPhone e, com um toque, tudo está pronto para uso. Mas okay, isso fazemos uma vez só, é mágico mas não chega a influenciar no dia a dia.
Só que esse mesmo emparelhamento inicial facilitado também funciona no momento em que vamos alternar o uso dos fones entre, digamos, um iPhone, um Mac e uma Apple TV. Essa alternação se você quiser pode ser até automática hoje em dia, algo que eu não curto muito (prefiro eu ter controle disso), mas mesmo desativando esse recurso, é muito fácil, rápido e seamless pular de um para o outro simplesmente usando a Central de Controle do iOS/iPadOS ou o ícone de volume da barra de menus do macOS.
Assim como todo o restante da linha atual Apple/Beats, os Fit Pro também suportam o recurso nativo do iOS de Compartilhar Áudio. Ou seja, com um toque, você pode conectar um segundo par dos Beats Fit Pro ao mesmo iPhone e duas pessoas curtirem um mesmo conteúdo.
Não existe também, obviamente, nenhum aplicativo dedicado para você configurar AirPods/Beats no iOS (embora isso não seria lá uma má ideia). Tudo é feito pelos próprios Ajustes » Bluetooth, tocando no “i” ao lado do fone. As configurações disponíveis para os Beats Fit Pro são quase idênticas às dos AirPods Pro, com exceção de uma área extra referente ao que acontece quando pressionamos e seguramos o botão dos fones — isso eu falarei à parte, a seguir.
Melhor do que isso tudo, está no fato de podermos controlar os fones diretamente pela Central de Controle. Com dois toques, você pode ativar/desativar o Cancelamento Ativo de Ruído, o Áudio Espacial, etc.
Colocar isso tudo em palavras ainda soa, para mim mesmo, como “besteiras” que não pesariam tanto assim na escolha de um produto como esse. Mas acreditem: no dia a dia, é bem diferente; e agora, reconhecendo isso, terei uma certa dificuldade de voltar a testar fones sem essa integração nativa. Que venham os AirPods Pro de segunda geração!
Pressione e Segure
Com exceção dos AirPods Max e a sua Digital Crown, até hoje nenhum membro da linha AirPods permite que controlemos o volume dos fones diretamente por eles em si.
Com os Beats Fit Pro, a Apple ofereceu uma opção para isso de forma bastante inteligente e que, sem dúvida nenhuma, merece este tópico à parte do review. É um controle específico do que acontece quando pressionamos e seguramos os botões (físicos, diga-se de passagem) dos fones.
Por padrão, nos ajustes, eles vêm configurados para alternar entre Cancelamento de Ruído, Ambiente ou Desativado (o modo que lhe dá a maior autonomia de bateria). E você pode desativar os que não quiser usar, como fiz na screenshot abaixo e à esquerda:
Tal como em outros modelos de AirPods/Beats, dá também para configurar que um dos lados chame a Siri ao ser pressionado (o que não é necessário, porque ele suporta o comando “E aí, Siri”), mas o grande diferencial dos Beats Fit Pro está no que a Apple chamou de “Controle de Volume”.
Ativando essa opção, você passa então a controlar o volume de reprodução dos fones pressionando e segurando em seu botão. Aqui, eu configurei o lado direito para aumentar e o esquerdo, para diminuir. E não é que funciona muito bem?
Somando isso à integração nativa dos fones com a Central de Controle, a qual permite que eu ative o Cancelamento de Ruído facilmente por lá, o uso deles fica muito prático e intuitivo.
Bateria e recarga
E chegamos ao tópico do review que terei uma grande crítica aos Beats Fit Pro.
Não se trata da autonomia da bateria deles em si, que considero bastante razoável. As promessas da fabricante são de 6 horas para os fones com mais 18 providas pelo estojo, totalizando 24 horas numa carga. Não fiz testes apurados, mas isso provavelmente é cumprido por ela.
O que realmente me incomoda, e que eu não imaginava que faria tanta diferença até uns anos atrás, é a ausência de suporte a recarga sem fio (Qi) no estojo. Sim, ele só pode ser recarregado usando um cabo USB-C conectado à sua traseira. Com cinco minutos de recarga, eles podem ser usados por cerca de uma hora.
Reconheço que é bem um First World Problem® eu reclamar disso sendo que devo recarregar os fones uma vez por semana em média, mas é sim algo que preciso pontuar aqui. Com os AirPods Pro e o Liberty 3 Pro, eu nem sequer me preocupava com isso; levava-os comigo para a cama e, eventualmente, colocava-os na base Qi que tenho na mesa de cabeceira antes de dormir. Simples, assim.
Vale notar, aqui, que esse é outro ponto beneficiado pela integração nativa dos fones com o iOS. Quando quero saber como estão suas baterias, basta abrir o estojo ao lado do meu iPhone; em dois segundos, surge a clássica janelinha indicando o estado atual deles.
Por fim, preciso pontuar aqui que o estojo em si, embora não seja “vagabundo”, não me passa uma sensação tão premium quanto a case dos AirPods Pro. Não sei bem o que é, mas a própria tampinha deles é ligeiramente “solta” — nada muito preocupante, porém.
Conclusão
Como vocês puderam acompanhar pelos parágrafos anteriores, há muito pouco a se criticar em relação aos Beats Fit Pro. A Apple mandou muito, muito bem nesse produto e espero que não retroceda em nenhum aspecto, em futuras gerações.
Embora eu obviamente tenha focado muito a minha análise na experiência de uso dos Beats Fit Pro dentro do ecossistema da Maçã, um outro forte diferencial dos fones Beats em relação aos AirPods é que eles funcionam tão bem no mundo Android quanto no iOS. Então esta também é uma ótima pedida para quem não usa iPhone.
Com relação ao preço, não há muito para onde fugir. Estamos falando de um produto com a marca Beats, que é uma subsidiária da Apple. Eles são, portanto, bastante caros: US$200 nos Estados Unidos, 230€ em Portugal e R$2.600 no Brasil — preços oficiais, é claro.
Ainda assim, acho que há muita coisa boa por trás desse produto além do preço da sua etiqueta. Se você puder pagar, não vai se arrepender da compra.
Preço parcelado: R$2.149,00 em até 12x Cores: rosa coral, amarelo sônico, azul pacífico, preto Beats, branco Beats, roxo pastel ou grafite e menta
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