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Um dilema chamado iPad Pro

Foto de Rahul Chakraborty na Unsplash
iPad Pro

Como alguém que gosta muito de tecnologia, eu ocasionalmente me empolgo com ideias inovadoras que acabam fracassando. Alguns exemplos recentes foram os Snap Spectacles (que seguem vivos), o LG Wing e o Essential Gem.

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Apesar de terem falhado, esses são alguns dos meus produtos favoritos dos últimos anos por um simples motivo: eles assumiram um risco e tentaram algo diferente.

À esquerda, o LG Wing, um celular rotacionável com duas telas; à direita, o Essential Gem | Foto: The Verge

No caso da Samsung, vejo um pouco disso com a linha Galaxy Z. Apesar de eu ainda achar que toda esta categoria é um interessante exercício tecnológico para resolver um problema que ninguém tem, a Samsung segue atualizando os dispositivos, eliminando anualmente seus principais problemas. Escrevi sobre isso recentemente nesse artigo.

E no caso da Apple? Seria fácil dizer que o Vision Pro é esse produto inovador e potencialmente cretino. Mas, na realidade, existe outro produto ocupando este espaço, insistindo há quase dez anos que é o futuro. Falo, é claro, do iPad Pro.

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Após seu lançamento em 2015, eu comprei 100% a ideia de trabalhar apenas no iPad Pro. Aposentei meu Mac, comprei o Smart Keyboard, adaptadores, o Apple Pencil, mais adaptadores e mergulhei no mundo da automação com o Workflow (hoje, Atalhos), IFTTT, Zapier e congêneres para contornar as limitações do iOS que me impediam de trabalhar em um iPad feito para… se trabalhar.

Mais do que isso, preguei a palavra do estilo de vida iPadístico com a mesma obstinação que os fãs de Elon Musk dilapidam atualmente para defender a sentina que o Twitter se tornou. Quando alguém criticava o iPad, eu me sentia atacado. Refutava. “Como assim não dá para trabalhar de verdade no iPad? Eu sou a prova de que dá, sim! Ele é diferente do jeito de se trabalhar no Mac porque ele é o futuro!”

Por uns três anos, até que deu certo. Mas quer saber? A verdade é que trabalhar no iPad Pro dava um trabalho danado. Acabei voltando para o MacBook Pro em 2018 e nunca mais olhei para trás. Foi quando eu entendi as críticas dos usuários de Mac, que viviam dizendo que agora a Apple só tinha olhos para o iPad. No mundo do Mac, quase nada havia mudado em três anos.

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Os idos de 2018 foram uma época interessante. De um lado, a Apple ainda proclamava que o iPad Pro era o futuro da computação pessoal. Do outro, ela tentava aplacar a preocupação da turma do Mac que, justificadamente, se via abandonada. Estávamos no auge da polêmica do teclado borboleta e a maior novidade dos últimos anos havia sido, ironicamente, a Touch Bar. (E o comercial “What’s a Computer?” definitivamente não ajudou.)

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Vale lembrar que esse também foi uma espécie de período das trevas na relação entre a Apple e a Intel, quando os atrasos na evolução dos processadores atrapalharam bastante o calendário de lançamentos de Macs. É natural que a Apple visse no iPad Pro a esperança de um mercado com potencial inexplorado e rentável.

O problema é que o iPad Pro falhou em uma missão secundária: despertar o interesse do grande público para o resto da linha de iPads. Por conta disso, a Apple gradualmente foi abrindo mão de funcionalidades e compatibilidades exclusivas do iPad Pro, e as trouxe para o resto da linha. Hoje, todos os iPads são compatíveis com o Apple Pencil (ainda que um deles de uma maneira muito estranha). Muitos têm teclados com trackpad feitos pela própria Apple. O iPad Air, inexplicavelmente, tem um chip M1. Até mesmo os recém-lançados Logic Pro e Final Cut Pro para iPad não são exclusivos do modelo Pro.

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Mas, nem assim, o iPad vingou. Na semana passada, a Apple revelou os resultados financeiros do terceiro trimestre fiscal de 2023. Dos US$81,8 bilhões faturados, US$5,8 bilhões vieram de iPads. Bastante, certo? Não exatamente.

Em 26 de julho de 2016, ou seja, quando o iPad Pro já estava disponível nas versões de 9,7 e 12,9 polegadas, ela divulgou os resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre fiscal daquele ano. Dos US$42,4 bilhões faturados na época, US$5 bilhões vieram de iPads.

Isso quer dizer que, enquanto o faturamento da Apple cresceu 92% entre 2015 e 2023, o faturamento dos iPads aumentou apenas 15% neste mesmo período. Mais do que isso, a representatividade do iPad no faturamento total da empresa caiu quase pela metade.

Pois bem. Neste meio-tempo, a Apple deu o braço a torcer. No fim das contas, o futuro da computação pessoal não era o iPad, mas sim o Mac. Ela voltou a investir na linha, apresentou o Apple Silicon, devolveu as portas e conectividades que o Jony Ive havia tirado, e o público respondeu. Após anos de demanda represada, a recompensa veio na forma de um aumento de faturamento que chegou a 70% no segundo trimestre fiscal de 2021.

Acho que não é exatamente uma afirmação polêmica dizer que o iPad e, especialmente o iPad Pro, nunca realmente emplacaram como a Apple pretendia. Mais do que isso, a empresa passou os últimos anos depenando as vantagens exclusivas do iPad Pro, mas ainda assim toda a linha de iPads parece apenas lutar para manter a cabeça acima do nível da água. É bem verdade que o iPad Pro é o modelo mais popular dos EUA, mas essa não é exatamente uma barra muito alta.

Em meio a essas manobras, o pouco motivo que o iPad Pro tinha para existir parece ter desaparecido. Tirando a tela maior, as outras diferenciações dele em relação ao iPad Air, por exemplo, são coisas que o tempo deve resolver (ProMotion, câmera ultra-angular, Face ID, Thunderbolt, Wi-Fi 6E, etc.).

E falando em tela maior, havia um tal iPad Pro de 14,1″ e/ou 16″ que virou rumor em 2021, poderia ser lançado no início de 2023, passou a ser previsto para mais tarde, corre o risco de nunca ver a luz do dia, ou talvez não seja nem Pro.

Agora, se esse iPad maior for lançado, e não for um modelo Pro, já sabe… né?


Comprar iPads Pro de Apple Preço à vista: a partir de R$8.819,10
Preço parcelado: a partir de R$9.799,00 em até 12x
Telas: 11 ou 12,9 polegadas
Cores: cinza-espacial ou prateado
Capacidades: 128GB, 256GB, 512GB, 1TB ou 2TB
Conectividade: Wi-Fi ou Wi-Fi + Cellular

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