Uma nova reportagem do The New York Times traz informações de bastidores sobre o desenvolvimento do “Apple Car” e a decisão da Maçã de cancelar o projeto. De acordo com a matéria, a Maçã chegou até mesmo a cogitar comprar a Tesla, uma das maiores fabricantes de carros elétricos da atualidade.
A ideia de iniciar o desenvolvimento do “Projeto Titan” surgiu logo após a criação do primeiro Apple Watch. Prevendo uma diminuição na venda de iPhones, a empresa pretendia expandir seus negócios, enquanto temia a migração de engenheiros para a Tesla — que já despontava como o futuro dos automóveis.
Como um carro proprietário da Maçã chegaria muitos anos depois que a empresa de Elon Musk já tivesse dominado o mercado, a Maçã manteve algumas conversas com o empresário sobre uma possível aquisição da Tesla, mas depois simplesmente decidiu que construir seu próprio veículo faria mais sentido.
Ao longo dos anos posteriores, o desenvolvimento do “Apple Car” mudou de rumo por diversas vezes. O plano inicial era desenvolver um automóvel elétrico autônomo, o que demandou um alto investimento na contratação de profissionais, na compra de startups e em pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.
A Siri, inclusive, seria peça central no futuro veículo. Em 2015, por exemplo, com a presença de Tim Cook (CEO 1Chief executive officer, ou diretor executivo. da Apple), o então chefão de design da Apple Jony Ive fez uma demonstração em uma espécie de “carro imaginário” na qual perguntava à assistente por determinadas informações enquanto uma pessoa simulava as respostas.
Um ano depois, quando Steve Zadesky (o então responsável pelo projeto) deixou a Apple, Bob Mansfield (seu sucessor) decidiu mudar o foco do “Projeto Titan” para a construção de um software para carros autônomos — decisão que foi revertida anos depois quando Kevin Lynch assumiu o projeto e decidiu retomar a ideia original.
Nem tudo está perdido…
A decisão deste ano de cancelar de vez esses planos chega após um investimento de mais de US$10 bilhões ao longo de quase uma década. Segundo a matéria, os esforços da Apple fracassaram principalmente porque desenvolver o software e os algoritmos para um carro com recursos de direção autônoma se provou muito difícil.
Além disso, a Maçã entende que é melhor focar agora no desenvolvimento de tecnologias envolvendo inteligência artificial (IA) generativa em vez de em um carro — o que confirma rumores de que a empresa está mesmo mergulhando fundo nesse mercado após investimentos de concorrentes como o Google e a Microsoft.
De acordo com o jornal, a decisão de encerrar o “Apple Car” foi elogiada por pessoas que trabalharam no projeto. O consenso é de que a tecnologia de IA generativa poderá ser indispensável para o futuro dos iPhones, que ainda são o principal produto comercializado pela empresa.
Ainda por cima, nem todo o esforço, tempo e dinheiro gastos com o “Projeto Titan” foram completamente em vão, visto que a Apple aprendeu muita coisa sobre inteligência artificial e automação nas pesquisas para desenvolvimento do carro e poderá aplicar esses conhecimentos a outros projetos.
Notas de rodapé
- 1Chief executive officer, ou diretor executivo.
