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Sabe como a Apple fez uma revolução computacional neste século? Beeem devagar

Antes, uma lembrança dos meus tempos de estudante de Biologia: sabe como a gente deve anestesiar um cnidário, pra que ele vá ao álcool devidamente adormecido e não se contraia todo? É preciso uma paciência infinita para ficar adicionando beeem lentamente doses crescentes de anestésico — uma tarefa que pode render horas de diversão tédio literalmente mortal (pro cnidário) no laboratório. Ou, como disse o Pierce Brosnan em O Inferno de Dante, se você jogar um sapo numa panela de água fervente, ele pula pra fora; se você o puser na água fria e aquecer lentamente, ele cozinha sem nem perceber.

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Pois bem, para Mike Elgan, da Computerworld, nós somos o sapo e a Apple nos pôs na água fria há três anos. Adivinha quando a panela em que estamos vai levantar fervura! Sim, no dia 27, a quarta-feira da semana que vem. Em um artigo espantosamente elucidativo, Elgan detalhou três elementos da futura tablet que, se não tivessem sido introduzidos lenta e gradativamente, teriam sido execrados pelos consumidores.

Essencialmente, os recursos que Elgan imagina serem o cerne do novo iGadget viriam a ser um fracasso completo, caso não tivessem sido introduzidos gradativamente com o primeiro iPhone em janeiro de 2007 (e chegado de fato ao mercado seis meses depois). O primeiro deles é a interação com uma máquina exclusivamente através de uma superfícies sensível ao toque.

Lentamente, a Apple está implementando gestos cada vez mais complexos em máquinas multi-touch, de forma que os consumidores de 2010 se sentem muito mais confortáveis com eles do que estariam em, digamos, 2005 — que bom, pois a tendência é complicar cada vez mais.

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Igualmente, o iPhone tornou o uso de um teclado virtual algo quase tão natural quanto o sistema QWERTY de arranjo das letras: goste ou não, quem o usa por tempo demais acaba se acostumando com ele mais do que achava que fosse possível. Até hoje, nem mesmo a mais avançada implementação de teclado físico no iPhone tem suporte oficial da Apple — simplesmente porque ela estaria deliberadamente trabalhando para manter tudo na tela.

De forma similar, o hábito de ver TV tem sofrido mudanças que, embaladas pela iTunes Store e por serviços de vídeo sob demanda, tornam cada vez mais os programas algo que você “assina” e vê quando bem entende, em vez de uma grade rígida de horários que você paga pra obedecer.

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Por fim, gradativamente estamos nos acostumando a ver softwares menos como soluções definitivas que “fazem tudo”, porém custam uma fortuna (pense no Microsoft Office), e encarando cada um mais como uma ferramenta para um fim específico que, se bem executado, a torna um bem pelo qual vale a pena pagar um pouquinho (pense no Pastebot).

Estas mudanças estão aí e realmente foram chegando sem que as percebêssemos como revoluções cheias de estardalhaço — ou não, talvez tenha tido um pouquinho (ok, ok: tudo foi emoldurado por superlativos e hipérboles dos mais variados tipos). No fim das contas, o que importa é que nada aconteceu da noite pro dia, mas certamente veremos um novo marco sendo alcançado dia 27. Agora é sentar e esperar a água ferver.

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