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Assassinos da Lua das Flores

A Maçã nos cinemas: por dentro da nova estratégia de lançamento de “Killers of the Flower Moon”

No fim do mês passado, a Apple causou algum burburinho no universo cinematográfico ao anunciar uma mudança importante na estratégia de lançamento de “Killers of the Flower Moon” (ou, em bom português, “Assassinos da Lua das Flores”) — que é, até por todo o talento e hype envolvidos, naturalmente a maior aposta da plataforma de streaming para o ano inteiro.

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Explico. Originalmente, o filme de Martin Scorsese teria um lançamento limitado, em cidades e cinemas selecionados ao redor do mundo, no dia 6 de outubro, expandindo-se para mais localidades e salas no dia 20 do mesmo mês. Com a mudança de estratégia, o lançamento limitado foi cancelado — agora, a produção terá um lançamento amplo no dia 20/10, chegando a salas de cinema do mundo inteiro (incluindo salas IMAX) simultaneamente. Enquanto isso, o lançamento no Apple TV+ ainda sequer tem uma data marcada.

Você pode perguntar o que há de tão significativo nisso. Elementar, meus caros Watsons: caso a estratégia se mantenha, “Killers of the Flower Moon” será o primeiro filme de uma plataforma de streaming a ganhar um lançamento global nos cinemas — coisa que, no geral, só acontece com os grandes blockbusters dos estúdios tradicionais. E não é só Scorsese, o lendário defensor da experiência cinematográfica acima de tudo, que está feliz com essa notícia: a própria Apple só tem a ganhar com tudo isso.

Para entendermos essa movimentação e como ela pode ser benéfica para a Maçã, é necessário analisar o momento atual de Hollywood. A começar, é claro, pelo elefante cada vez maior na sala: a greve do Sindicato de Atores (SAG-AFTRA), que se arrasta desde meados de julho e não dá sinais de terminar em qualquer momento do futuro próximo.

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Pelas regras da greve, os atores e atrizes de Hollywood estão impedidos não apenas de gravar, mas também de realizar qualquer tipo de divulgação dos seus projetos, como presença em premières, tapetes vermelhos, entrevistas ou comerciais. Isso significa que a estratégia de divulgação da Apple não poderá contar com os rostos extremamente vendáveis de Leonardo DiCaprio e Robert De Niro, protagonistas do longa, na temporada.

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E tem mais: algumas produtoras independentes ou de menor orçamento, como a A24, conseguiram costurar acordos especiais com o SAG-AFTRA para manter os atores trabalhando (e divulgando seus projetos) durante a greve. Com isso, filmes mais modestos, mas com pretensões na próxima temporada de premiações (como “Past Lives”, “Ferrari” e “Dream Scenario” — podem ganhar uma vantagem na corrida contra “Killers”, que, por ser uma produção de alto (aliás, altíssimo) orçamento, não conta com a mesma permissão.

Aí está uma das principais razões para a Apple (e a Paramount, codistribuidora do longa) optar por um lançamento global em grande escala para “Killers”. Ao colocar o filme em muitas salas de cinema ao redor do mundo no mesmo dia, cria-se uma sensação de evento, de congregação cinematográfica — algo que, após tantos anúncios prematuros da morte da sala de cinema, está novamente em voga após o fenômeno “Barbenheimer”, que gerou (combinados) quase US$2,3 bilhões em bilheteria e posicionou ambos os filmes envolvidos como favoritos ao próximo Oscar.

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Em outras palavras, lançar um filme nos cinemas (com a estratégia certa, naturalmente) ainda dá muito dinheiro, muito hype e muito gás para a temporada de premiações. A Apple sabe que tem uma joia em mãos — a exibição de “Killers” no último Festival de Cannes foi uma verdadeira sessão de homenagens a Scorsese e De Niro, e toda a (notoriamente exigente) crítica especializada do evento foi unânime em apontar o longa como um dos momentos mais inspirados do cineasta em décadas, com adjetivos apaixonados como “conquista monumental” e “obra-prima épica”.

Aqui, é interessante fazer um paralelo com o filme anterior de Scorsese, “O Irlandês”, produzido pela Netflix. Assim como “Killers”, o longa teve uma estreia clamorosa num festival de cinema importante (no caso, o de Nova York), um enorme hype antecipado por conta do seu elenco e equipe (no caso, a reunião de Scorsese, De Niro e Joe Pesci, com a adição ilustre de Al Pacino) e um apoio incondicional da crítica.

A diferença é que, ao contrário da Apple, a Netflix optou por dar a “O Irlandês” o lançamento protocolar para seus filmes com ambições para a temporada de prêmios: um circuito limitadíssimo nas salas de cinema, suficiente apenas para a produção ficar elegível às premiações, imediatamente seguido do lançamento na plataforma de streaming. O resultado? “O Irlandês” saiu do Oscar de mãos vazias, mesmo com dez indicações, e bateu na trave também em todos os outros troféus relevantes da temporada.

A Netflix já tinha realizado estratégia semelhante no ano anterior, com “Roma”, e segue insistindo no mesmo modelo, como vimos com “Ataque dos Cães” em 2021/22. Todos os três filmes citados (“Roma”, “O Irlandês”, e “Ataque dos Cães”) foram considerados, em algum momento da temporada, favoritos com folga para levar o Oscar de Melhor Filme — e todos acabaram perdendo. Talvez isso seja um testemunho de como o modelo do streaming sufoca o hype e reduz os filmes ao patético rótulo de “conteúdo”, mas isso é assunto para outra edição desta coluna.

Isso significa que, com a nova estratégia, a Apple está garantindo uma bilheteria bilionária e um saco de Oscars para “Killers of the Flower Moon”? Claro que não, ainda mais considerando que estamos falando de um filme com 3h26 de duração (o que reduz drasticamente o número de sessões diárias e, portanto, o potencial de bilheteria), com temática e classificação indicativa exclusivas para adultos e uma fila de concorrentes fortíssimos na próxima temporada de premiações.

Ainda assim, a decisão de dar ao filme um lançamento cinematográfico global mostra, acima de tudo, que a Apple está disposta a ir além da frieza dos números no seu serviço de streaming. Ao contrário de uma Netflix da vida, onde a prioridade máxima é a audiência dentro da plataforma e a satisfação dos investidores, a Maçã está jogando um jogo menos imediatista e muito mais abstrato: ao agradar artistas, críticos e cinéfilos, a empresa se coloca como um destino preferencial para novas produções de prestígio, criando — com alguma sorte — um efeito de bola de neve que pode, a longo prazo, ser extremamente benéfico para as ambições de Cupertino.

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