Já tem bastante tempo que ouvimos rumores sobre uma possível migração de Macs dos chips Intel, que a Apple usa desde 2005, para processadores próprios baseados na arquitetura ARM. E, pelo jeito, isso está agora mais perto do que nunca.
Enquanto o analista Ming-Chi Kuo apurou que deveremos ver o primeiro Mac do tipo chegando entre o final deste ano e o começo do próximo, a Bloomberg revelou hoje numa reportagem extensa1Matéria fechada para assinantes. que a meta da Apple é mesmo iniciar essa transição em algum momento de 2021 — isso se a pandemia do Coronavírus (COVID-19) não atrasar seus planos, é claro.
O projeto é conhecido internamente como “Kalamata” e provavelmente começará com algum modelo de entrada (quem sabe o MacBook Air?), enquanto a equipe de engenharia da Apple trabalha no desenvolvimento de chips mais potentes que futuramente poderão equipar MacBooks Pro, iMacs e até mesmo Macs Pro.
O primeiro chip próprio a equipar um Mac provavelmente será baseado no mesmo projeto do “A14” que equipará os iPhones lançados este ano, fabricado num processo de apenas 5 nanômetros. A Bloomberg diz que a Apple está trabalhando num modelo com 12 núcleos — 8 de alta performance, 4 focados em eficiência energética. E ele será um sistema-em-um-chip (system-on-a-chip, ou SoC) combinando CPU2Central processing unit, ou unidade central de processamento. e GPU3Graphics processing unit, ou unidade de processamento gráfico., é claro.
Comparativamente, existem hoje modelos de MacBooks Air com apenas dois núcleos (dual-core), e de MacBooks Pro com quatro (quad-core). Ou seja, logo de cara a Apple estaria trazendo chips com muito mais núcleos internos — e ela tem planos de trabalhar em modelos ainda mais poderosos, é claro. A fabricação deverá ficar por conta da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), que há um tempo roubou da Samsung a maioria dos pedidos da Maçã para a fabricação de chips.
A migração de Macs para chips com a mesma tecnologia de iPhones e iPads deverá aproximar ainda mais as duas plataformas, porém os sistemas operacionais continuarão independentes. Com o Mac Catalyst, lançado no ano passado, a Apple passou a permitir que apps sejam facilmente portados do iPadOS para o macOS, o que quem sabe futuramente signifique uma união das duas lojas de aplicativos e jogos.
Se tudo isso for mesmo para a frente, e considerando que a Apple este ano muito provavelmente voltará a usar modems da Qualcomm nos iPhones, estamos vendo o começo do fim de uma longa parceria entre a Maçã e a Intel.
Notas de rodapé
- 1Matéria fechada para assinantes.
- 2Central processing unit, ou unidade central de processamento.
- 3Graphics processing unit, ou unidade de processamento gráfico.