Essa recém-formada amizade entre Tim Cook e Donald Trump é absolutamente esperada considerando que ambos jogam o jogo capitalista e navegam as marés de acordo com os benefícios que podem oferecer um ao outro um dos twists mais delirantes em um ano cheio de reviravoltas épicas, mas aqui estamos.
Depois de visitar uma fábrica da Apple (que não é da Apple) e atribuir a ele próprio a abertura da instalação (apesar de a fábrica já estar aberta desde 2013), Trump voltou ao Twitter para compartilhar algumas novidades sobre o seu encontro com Cook. Um ponto importante do relato: aparentemente, o presidente americano quer a ajuda da Apple para construir a infraestrutura de redes 5G dos Estados Unidos.
Obviamente, o “pedido” de Trump tem vários obstáculos. É fato sabido que a Apple está bem próxima de lançar um iPhone 5G, mas há uma pequena diferença entre lançar um produto capaz de acessar essas redes e ter a tecnologia necessária para construir a infraestrutura que coloque essa mesma rede no ar.
Por mais que a Maçã seja uma das principais interessadas em ter sinal 5G ativo na maior parte do território americano o quanto antes, pode ser que a empresa simplesmente não tenha as ferramentas e o conhecimento necessário para entrar nesse jogo — mesmo após a aquisição das patentes de modems da Intel.
Por outro lado, é claro que a Apple tem dinheiro e disposição para entrar em qualquer segmento que queira — basta ver que, há não mais do que cinco anos, era impensável ver a Maçã entrando na área de produções televisivas originais. Resta saber se há interesse por parte de Cook e sua turma.
Problemas nas antenas
Uma coisa é certa: se quiser ajudar Trump na infraestrutura americana do 5G, primeiro a Apple terá de resolver questões internas relacionados à tecnologia que embarcará nos futuros iPhones. De acordo com um relatório recente do analista Ming-Chi Kuo, a Maçã estaria com problemas no fornecimento de um material importante para a implementação do 5G nos aparelhos.
Explico: a partir do iPhone X, a Apple passou a adotar — em alguns modelos — um design de antenas baseado em polímero de cristal líquido (LCP), que trabalha bem em diferentes temperaturas e é apropriado para recepção 5G. O material, entretanto, é mais caro e de difícil aplicação; por isso, ele só é incluído nos iPhones mais caros da linha — o iPhone XR e o iPhone 11 não contam com antenas do tipo, por exemplo.
É aí que mora o problema: Kuo afirma que toda a linha de iPhones de 2020 contará com suporte às redes 5G, o que obrigaria a Apple a fazer a transição para o LCP em todos os aparelhos do ano que vem. Isso, por sua vez, traria problemas de fornecimento — hoje a Maçã tem contrato somente com uma parceira, a Murata, para abastecimento desse material. Segundo Kuo, a Apple estaria procurando outras fornecedoras.
Kuo também reafirmou, em seu relatório, que a Maçã usará modems 5G da Qualcomm nos iPhones de 2020 e suportará bandas mmWave e sub-6GHz, permitindo que os aparelhos funcionem em basicamente todas as frequências 5G dos EUA.
via Cult of Mac, iPhone Hacks | imagem: Shutterstock.com