Até hoje, muitos aplicativos vendidos fora das lojas (App Store e Mac App Store) da Apple costumam trabalhar com descontos em upgrades. Funciona assim: o usuário compra, digamos, a versão 1.0 de um aplicativo, que custa R$50. A desenvolvedora lança diversas atualizações para esse app (1.0.1, 1.0.2, 1.1, 1.2…) as quais corrigem bugs, trazem melhorias no desempenho e até mesmo adicionam alguns novos recursos. Todas essas atualizações são gratuitas para quem comprou a primeira versão do app.
Depois de um tempo, ela vai lá e lança a versão 2.0 desse mesmo app. Essa nova versão não é uma atualização gratuita, pois muitos novos recursos foram adicionados. Por isso, a empresa vende o software como se fosse novo, pelos mesmos R$50. Contudo, para quem já comprou e utiliza a primeira versão, a desenvolvedora oferece um desconto (ele sai por R$35, por exemplo).
Essa prática deu — e ainda dá — muito certo no mercado, e muita gente (eu me incluo nessa) sente falta dessa opção, assim como a de testar aplicativos antes de efetuar a compra (versões trial, algo também bastante comum fora da [Mac] App Store). Com o lançamento do Logic Pro X, a Apple mostrou que não está ligando muito para essa questão de upgrades pagos.
Até ontem (terça-feira, 16/7) pela manhã, o Logic Pro 9 estava à venda na Mac App Store por US$200. De uma hora para a outra, ele foi retirado da loja e a versão X chegou, saindo pelos mesmos US$200. Usuários antigos da nona versão — ou até quem comprou a recentemente — terão que desembolsar novamente US$200 para ter acesso aos novos recursos. Será que existe algum motivo por trás dessa decisão?
Gabe Glick, do MacStories, acha que sim — e por mais que eu goste da ideia de upgrades com descontos para quem já é usuário de um determinado app, confesso que a teoria de Glick faz muito sentido. Para ele, desenvolvedores e pessoas ligadas ao ambiente digital estão acostumadas com esse tipo de coisa, contudo, usuários comuns não.
Pense bem: se você compra um carro modelo 2013, não ganhará um baita desconto em 2014 caso compre o novo modelo apenas por ter adquirido a versão do ano anterior. O mesmo raciocínio vale para tudo.
Desenvolvedores e usuários de computadores mais experientes podem estar acostumados com as facilidades, os benefícios de um aplicativo com um período de testes determinado e de pagar uma única vez o preço cheio e aproveitar os upgrades mais baratos. Mas a verdade é que o grande público não. Por mais que uma solução para implementar um período de testes de apps seja possível, ela pode muito bem gerar questionamentos do tipo “Eu pensei que este aplicativo era gratuito, mas agora ele está me dizendo que eu tenho que pagar para continuar usando!”
Já as atualizações pagas, com desconto, podem ser interpretadas como “Ué, eu comprei esse aplicativo no ano passado e agora eu tenho que pagar novamente para continuar usando?”
Implementar esse tipo de coisa poderia confundir as pessoas em vez de ajudar — consequentemente, atrapalhando as vendas nas lojas. Provavelmente por esse motivo, a Apple simplesmente tirou o Logic Pro 9 da loja, lançou o Logic Pro X e ponto final, assim como faz com um novo modelo de MacBook Pro, Apple TV, iPad, etc.
Não existe certo ou errado. A Apple simplesmente escolheu um modelo que, na opinião dela, faz mais sentido para o seu ecossistema. Para muita gente isso pode não fazer muito sentido, mas para outros tantos, de fato é a maneira mais fácil de lidar com compras de produtos, sejam eles apps ou não.
[via MacStories]