Se você achou uma invasão de privacidade o fato de a Palm coletar dados de localização e uso de aplicativos dos donos de Pres, saiba que as coisas não são muito diferentes em certos aplicativos para iPhone/iPod touch, que contêm código proveniente da firma de métricas móveis Pinch Media. Ao incluir código dela em um aplicativo para obtenção de dados do usuário, um desenvolvedor praticamente transforma o seu aplicativo em um cliente que pode ser usado para enviar várias informações diferentes dos seus clientes à empresa, sem nenhum consentimento 100% explícito deles.
Você pode conferir mais informações sobre esse tipo de invasão de privacidade em um artigo do iPhone Dev Team e também nesta análise completa sobre as APIs da Pinch Media. Para o usuário, a única indicação que será exibida sobre o uso dessas informações pessoais é um aviso que aparece ao iniciar o aplicativo pela primeira vez, quando ele exige uma escolha entre ceder o uso da sua localização atual ou negar.
É aqui que a brincadeira começa: de fato, a escolha entre ceder esses dados ou ignorar o aviso é sua, mas muitas vezes ele volta depois que o usuário cancela, pois existem anúncios dentro do aplicativo que estão programados para serem recarregados após um intervalo de tempo e, a não ser que você se canse e remova-o depois de se chatear, acabará aceitando a oferta de ceder sua localização.
Acontece que, a depender do aplicativo em que você aceita isso, o que será registrado vai bem além da sua longitude e latitude: pode ir desde a sua data de nascimento (mês e ano) até o Unique ID (UDID) do seu aparelho. Todos esses dados vão para um banco de dados SQLite, que é enviado para os servidores da Pinch Media cada vez que você reinicia o software.
Agora, pense por um segundo: você aceitou que ele registrasse essas coisas além da sua localização? É óbvio que não, e a coisa é fácil de se disfarçar com uma simples mensagem popup que, graças à nossa querida Apple, apenas é programável para pedir sua localização. Nenhuma mensagem te diz o que está sendo processado, te dá controle sobre isso, ou permite que você desative essa coleta de dados uma vez que iniciada. No fim das contas, isso não é definido como spyware?
A recomendação aqui é evitar adquirir aplicativos que aparentam coletar dados seus e, no caso de você identificar algum instalado no seu aparelho, remover e imediatamente relatar o caso à Apple (com os devidos detalhes, é claro). Agora, que tal lembrarmos as limitações que vimos lá em 2008, quando a App Store foi anunciada?
Rejeitar casos que se enquadram em algumas dessas situações pode até estar sendo levado a sério, mas vocês não acham que “privacidade” está sendo ignorada há muito tempo? Para mim, esse caso da Pinch Media é tão fácil de se desconfiar quanto o da Palm e mostra que explorar o roubo de informações no setor mobile pode se tornar algo tão fácil (ou quem sabe até mais fácil) que no desktop.