O falecido projeto “Apple Car” dobrou tanto as expectativas em torno da Apple e sua relação com o mercado automotivo que o CarPlay se tornou praticamente algo secundário em notícias sobre os investimentos da Maçã no setor. Com o fim do desenvolvimento do veículo proprietário da empresa, esse cenário tende a mudar por completo.
Isso porque, como destacou Mark Gurman na sua newsletter semanal “Power On” (da Bloomberg), o novo CarPlay, anunciado há alguns anos e até agora com implementação confirmada apenas pela Porsche e pela Aston Martin, deverá ser foco máximo na Apple caso a companhia pretenda lucrar com o setor e não queira perder (mais) espaço para o Android Auto, do Google.
Segundo ele, o novo CarPlay é uma resposta direta ao Android Automotive, uma experiência que oferece o sistema concorrente já embutido em veículos — o que resulta em algo mais integrado e permite ao sistema do Google controlar telas e outras funções do veículo sem a necessidade de se conectar a um telefone.
A abordagem da Apple, no entanto, continua sendo bem baseada no iPhone. A empresa até cogitou transformar o CarPlay em um sistema operacional completo que rodasse diretamente nos carros, mas considerou que ele não funcionaria tão bem sem um chip ou outras tecnologias de hardware proprietárias da empresa.
Embora mais eficiente e poderoso, o novo CarPlay tem uma implementação mais demorada, visto que a equipe de design da Apple deve trabalhar diretamente com as montadoras para criar uma interface sob medida para cada modelo — daí o número baixíssimo de fabricantes que já anunciaram a novidade em seus veículos.
Mas a simples implementação não garante que a Apple conseguirá lucrar com o novo CarPlay. Para isso, a empresa deverá convencer as fabricantes a adotarem suporte à novidade e, quem sabe, transformá-la em uma versão Plus (entenda por paga), enquanto a atual permaneceria gratuita para fabricantes.
O relógio está correndo. Se a Apple não conseguir rapidamente que mais montadoras adotem o novo CarPlay, certamente perderá terreno para o Android. E se a empresa não começar a ganhar dinheiro com o software, nunca transformará a categoria de automóveis em um mercado lucrativo.
Outra abordagem sugerida por Gurman seria a de fornecer uma série de modelos diferentes no sistema, os quais poderiam permitir que usuários personalizassem a aparência do CarPlay — ao mesmo tempo em que abandonaria a abordagem de designs personalizados para cada fabricante, economizando tempo e problemas.
Será que a Maçã ainda conseguirá se dar bem nesse mercado? Acompanhemos…
